sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Hype!

"No começo, não era pra ser um 'movimento'", diz a sinopse. E não era mesmo.
Muito antes do grunge virar moda, estilo, categoria musical, estado de espírito até, Seattle, a cidade que sediou a geração dos artistas que revolucionaram o rock (entre elas, Nirvana e Soundgarden) era só mais uma no mapa, que muitas vezes até esqueciam de catalogar o lugar em negrito. Tudo mudou depois que bandas que começaram com a atitude punk do "faça você mesmo" resolveram, em vez de gritar revoltas contra o sistema, se racharem em gritos de desabafo e revoltas contra tudo e contra todos.
Este filme documenta depoimentos de produtores musicais, bandas, e até serigrafistas, que colaborarm para o "hype" do grunge.
De repente, o grunge ganhas as passarelas, o vocabulário e enche as produtoras musicais de grana. E os artistas com isso? Não tavam nem aí. Faziam era troça dos jornalistas incautos que os procuravam para tirar dúvidas sobre gírias, modos de se vestir, de se comportar. Eles faziam música porque gostavam, e não davam muita trela pra auto-exposição.
Jack Endino, o "padrinho do grunge", fala com sapiência de cadeira sobre quem foi nessa e se deu bem, quem se fodeu, quem fodeu quem, enfim, são dele os depoimentos que dão consistência ao filme. A Sub Pop, produtora que abrigou muitas das bandas, tirou os jovens de suas garagens e deu a eles oportunidades, começou como um simples fanzine, que era o veículo motor do que se fazia de música (boa) na cidade. Naquele tempo, era moda vestir camiseta com estampas ironicamente auto-depreciativas, como o adjetivo "loser" ("perdedor", ou "otário", em tradução livre). Aqui, você vai encontrar o registro da primeiríssima reprodução ao vivo de "Smells Like Teen Spirit", o atemporal hino do Nirvana. Eddie Vedder, vocalista do Pearl Jam, também dá aqui as caras e a palavra. E declara que bem antes de "Teen Spirit" estourar, o hit era considerado o "patinho feio" da Sub Pop.
O destaque vai para as apresentações ao vivo. The Monomen, The Flashbacks, 7 Year Bitch são as que eu mais gostei.
Nos extras, uma pequena entrevista, a que Kurt Cobain deu a Zeca Camargo, que no fim do encontro presenteou o "mártir" do pop com cds dos Mutantes. Kurt já era fanzaço da banda e fala dela com conhecimento. E mais apresentações imperdíveis.
Faltou minha vagaba mais amada dar uma ou duas palavrinhas, né (Courtney Love)? E claro, uma apariçãozinha ou um "fuck off" do Kurt.

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