sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Meninas Malvadas

Cady (Lindsay Lohan) acabou de chegar aos Estados Unidos. Vinda da África, a menina tenta a difícil tarefa de se adaptar ao colégio num país diferente. Já recebendo gracinhas por ter vindo do "continente selvagem", ela encontra em Damien e Janis (ambos gay e lésbica) algum conforto. E eles tratam de apresentarem a Cady as "panelinhas" da escola. A turma mais temida é a das "Poderosas". Lideradas por Regina (Rachel McAdams), Gretchen e Karen (Amanda Seyfried), ambas lorinha burra e morena tapada, elas fazem questão de se colocarem acima de todos os "mortais". Eis que Regina chama Cady pra lanchar com elas. No que Cady se derreteu de encantos por Aaron, o bonitão "cata todas" da escola que é ex de Regina.
Quando fica sabendo então Regina que Cady quer o coração de Aaron, a malvada põe em ação seus planos malévolos para destruir a colega. Em contrapartida, Cady, junto aos conhecimentos de Damien e Janis, planeja estratégias para não se deixar abalar pelo poder da "abelha-rainha". E o primeiro passo é se infiltrar na turma, se vestir e se comportar como elas, e então tomar o lugar de Regina e de quebra ganhar o coração do gato em questão. Até que Regina fica sabendo da armadilha em que caiu. A guerra de unhas postiças então toma lugar.
Esse é o primeiro filme que eu vejo da Lindsay, a criatura mais "papparizada" dos últimos tempos. Nesse tempo, a moça era apontada como uma estrela em ascenção. E faz bem seu papel de menina que se deixa levar. Depois desse, houveram mais alguns filmes, e aí pronto: La Lohan cai no gosto da baixaria popular.
Com roteiro da competente Tina Fey (que interpreta aqui a professora mediadora dos desentendidos desencadeados pelo duelo das duas meninas), ex-integrante do Saturday Night Live, o filme funciona bem como mais um filminho pra adolescentes, com lição de moral bem exposta: a lei do mais forte. Pra completar o time que dá um humor inteligente pro filme, Tina convidou alguns amigos do programa. E é no humor que o filme se segura, com um timing excelente nos diálogos.
E Amanda Seyfried, quem diria, é quem mais tarde iria se tornar uma estrela de Hollywood. Lembram dela em "Mamma Mia"? Pois é.
Já Lindsay, quem diria, foi atuada e presa (e solta) várias vezes, tem história garantida em filme merecedor de Oscar (a vida da moça, apesar da badalação e de todo o glamour, é um desastre, e eu quero ver o(a) doido(a) que abre a boca pra dizer ou pensa em um dia ser Lindsay Lohan), e espera mais uma chance. De iludir a gente e cair na lama de novo. Eita...

Doce Novembro

Nelson (Keanu Reeves) é um publicitário workaholic, prioriza o trabalho e só o trabalho. Esquece tudo, até as namoradas. E quando ele faz o exame para renovar sua carteira de habilitação, conhece Sara (Charlize Theron), que depois de prejudicada acidentalmente no mesmo dia de exame por Nelson, pega no pé dele, põe na cabeça que vai namorar ele, e ele, apesar dos esquivos, se deixa seduzir pela moça.
Sara pede a Nelson um mês. É o mês de novembro, e mesmo sem entender nada, Nelson aceita.
Junto ao amigo vizinho Chaz (Jason Isaacs), ficamos sabendo que Sara é uma devoradora de homens sistemática: "cata" um incauto a cada mês. O motivo? Sara tem câncer. E resolveu abrir mão do tratamento pra viver seu resto de vida.
Para ela, tudo corria às mil maravilhas com Nelson. Até descobrir que se apaixonou por ele, e ele por ela. Quer recuar, mas já é tarde: Nelson pede a moça em casamento.
Amantes de "Cidade dos Anjos" e "P.S.: Eu Te Amo" falam desse filme como imperdível. Bom, não chega a tanto. Mas a química certa entre Reeves e Theron salva o enredo limitado. Lembrando que os dois já haviam trabalhando antes em "Advogado do Diabo". Mas esse eu não vi. Porém, tendo eles dado certo neste filme ou não, nesse aqui a sintonia é mútua. Charlize mostra que não é só uma mulher estonteante (e esse filme veio bem antes de "Monster", que lhe garantiu o Oscar de melhor atriz) e Keanu, que não ficou na série "Matrix". Continua lindo, sexy, charmoso e gostoso.
Filminho pra falta de opção. Vamo combinar, tem coisa bem melhor.

Hype!

"No começo, não era pra ser um 'movimento'", diz a sinopse. E não era mesmo.
Muito antes do grunge virar moda, estilo, categoria musical, estado de espírito até, Seattle, a cidade que sediou a geração dos artistas que revolucionaram o rock (entre elas, Nirvana e Soundgarden) era só mais uma no mapa, que muitas vezes até esqueciam de catalogar o lugar em negrito. Tudo mudou depois que bandas que começaram com a atitude punk do "faça você mesmo" resolveram, em vez de gritar revoltas contra o sistema, se racharem em gritos de desabafo e revoltas contra tudo e contra todos.
Este filme documenta depoimentos de produtores musicais, bandas, e até serigrafistas, que colaborarm para o "hype" do grunge.
De repente, o grunge ganhas as passarelas, o vocabulário e enche as produtoras musicais de grana. E os artistas com isso? Não tavam nem aí. Faziam era troça dos jornalistas incautos que os procuravam para tirar dúvidas sobre gírias, modos de se vestir, de se comportar. Eles faziam música porque gostavam, e não davam muita trela pra auto-exposição.
Jack Endino, o "padrinho do grunge", fala com sapiência de cadeira sobre quem foi nessa e se deu bem, quem se fodeu, quem fodeu quem, enfim, são dele os depoimentos que dão consistência ao filme. A Sub Pop, produtora que abrigou muitas das bandas, tirou os jovens de suas garagens e deu a eles oportunidades, começou como um simples fanzine, que era o veículo motor do que se fazia de música (boa) na cidade. Naquele tempo, era moda vestir camiseta com estampas ironicamente auto-depreciativas, como o adjetivo "loser" ("perdedor", ou "otário", em tradução livre). Aqui, você vai encontrar o registro da primeiríssima reprodução ao vivo de "Smells Like Teen Spirit", o atemporal hino do Nirvana. Eddie Vedder, vocalista do Pearl Jam, também dá aqui as caras e a palavra. E declara que bem antes de "Teen Spirit" estourar, o hit era considerado o "patinho feio" da Sub Pop.
O destaque vai para as apresentações ao vivo. The Monomen, The Flashbacks, 7 Year Bitch são as que eu mais gostei.
Nos extras, uma pequena entrevista, a que Kurt Cobain deu a Zeca Camargo, que no fim do encontro presenteou o "mártir" do pop com cds dos Mutantes. Kurt já era fanzaço da banda e fala dela com conhecimento. E mais apresentações imperdíveis.
Faltou minha vagaba mais amada dar uma ou duas palavrinhas, né (Courtney Love)? E claro, uma apariçãozinha ou um "fuck off" do Kurt.

Entrevista Com O Vampiro

O título é fiel à película. Um jornalista (Christian Slater) ávido por um furo, entrevistando o vampiro Louis (Brad Pitt), conhece a história deste, de sua triste vida de viúvo abandonado à mansão, escravos e fartura, desejando a morte, e enquanto ela não chega, metendo o pé na jaca nos piores inferninhos do sul dos Estados Unidos. Quando é mordido por Lestat (Tom Cruise), este lhe oferece a "escolha" que diz nunca ter tido: morrer ou seguir a vida como chupador de sangue, e desgraçadamente condenado à vida eterna. Quanto às maneiras de se livrar de um vampiro (alho, crucifixos, madeiras estacadas no coração e etc.), Louis diz ser tudo uma bobagem inventada por um irlandês louco (se referindo ao bufão que conhecera tempos depois de ter recebido a "bênção" de Lestat, interpretado por Stehphen Rea).
Mas voltando ao começo: com Lestat, mantém uma relação de mestre e aprendiz. Louis perdeu sua vida, porém não seus nobres sentimentos humanos. Se recusa a sobreviver de sangue humano, preferindo o sangue de animais. Lestat é o típico dândi, escolhe como vítimas só belas mulheres (ou homens), sendo elas putas ou não, simples almofadinhas ou não. E faz troça do sofrimento de seu pupilo. Até o dia em que Louis, desenbestado pelas ruas de Paris, depois de expulso de sua mansão pelos escravos, em meio a uma praga sazonal, encontra uma menina recém abandonada pela família dizimada pela epidemia, Claudia (Kirsten Dunst). Ao oferecer ombro para a menina, não resiste e dela suga o sangue. Mas é Lestat que, vendo que o amante precisa de companhia, dá à garota a condição de vampira, fazendo dela filha e parceira fiel de Louis. Os dois planejam a morte de Lestat. Conseguem matar o vampíro. E, livres do rigor do mestre, vivem uma vida burguesa de pompa, circunstância e sangue nobre. Até que cruza no caminho de Louis um bufão, acompanhado do misterioso Armand (Antonio Banderas). Este dá a Louis um convite para o Theatre Des Vampires, diz ter sido o mestre que criou um monstro ao ensinar a Lestat tudo que este sabe, e o propõe uma parceria. Louis recusa. O séquito de Armand não gosta da idéia e trata de tentar exterminar a ele e Claudia. E o resto do filme eu não vou contar.
Baseado no livro de homônimo de Anne Rice, que roteirizou a produção, o filme é dirigido pelo irlandês Neil Jordan (Traídos Pelo Desejo), competente nesta imcubência. Com direção de arte esmerada, fotografia caprichada ao dar ao filme todo o clima sombrio que ele merece (já que vampiros são vulneráveis à luz do dia, né?), o filme não peca muito. Brad Pitt e Tom Cruise, galãs por excelência, duelam por uma atuação de vergonha, mas fica muito, mas muito claro, que quem sai dessa (com vergonha) é o desacreditado Tom, que, dizem as bocas pequenas, exigiu saltos para não parecer (muito) mais baixo que Brad. Embora a vida que ele dê a Lestat seja fiel ao dandismo afetado típico do século XIX, seu brilho é apagado, insosso, sem falar que ele arrasou na feiúra. Pelo menos isso, né, Tom? Porém, o resto do elenco faz o trabalho de não deixar a vontade de ver o filme "só pelo Tom Cruise" com considerável maestria.
Portanto não vejam o filme só pela estrela que antecede o título do filme. Prefire ver a amarga jornada de Brad Pitt em sua eterna luta pela humanidade.
Ah! Aos afeitos à saga "Crepúsculo": acho que esse filme não acrescenta nada. Melhor continuar acompanhando a série. Esse filme, creio eu, vai fazê-los "fugir da linha". 

domingo, 21 de novembro de 2010

Ben-Hur

Baseado num livro de um general da Guerra Civil, datado do século XIX, a superprodução dirigida por William Wyler conta de Judah Ben-Hur (Charlton Heston), príncipe da Judéia, o lugar onde Jesus Cristo nasceu e teve considerável êxito na sua profecia. Judah tem como grande amigo Messala (Stephen Boyd), que tem posto importante no império romano (que quer a todo custo o mundo inteiro pra si, custe o que custar) e oferece a Judah a oportunidade de fazer parte de sua "turma" cedendo este sua terra. Ao que Judah recusa, Messala leva isto como o rompimento de uma sólida amizade de infância.
Em um passeio de um governador romano pelo vale de Nazaré, a irmã de Judah acidentalmente deixa cair da cobertura de sua casa um telhado que quase atinge a autoridade. Estando Judah por perto, é condenado por tentar matar o governador. É preso e se torna escravo, deixando mãe e irmã de toda a Judéia à sanha cruel de Roma.
Levado a trabalhar nas galés dos navios romanos, tem Judah a sorte da liberdade, salvando a vida do capitão do navio, quando este é atingido por um navio inimigo. Voltando a Roma, tem do capitão a liberdade pelo feito, e ainda a herança de seu posto que seria de seu filho morto. Mas Judah prefere de novo a liberdade, voltar para sua terra e sua família.
Ao caminho da Judéia, encontra ele um sheik que aposta parte de suas riquezas em corridas de cavalos. Procura este um cavaleiro digno de derrotar Roma nas bigas, e ao saber de Judah ser este um exímio domador, oferece a ele os cavalos e a oportunidade de derrotar Messala, seu algoz.
Na famosa corrida, Messala é morto. Mas antes que ele morra Judah exige que este lhe conte onde se encontram sua mãe e irmã. Tendo as duas sido contaminadas pela lepra nas masmorras, são soltas, mas Messala morre sem dar a Judah esta informação.
As duas procuram sua antiga casa, onde agora reside Esther, a mulher por quem Judah se apaixonou antes de ser condenado. São descobertas pela mulher, e para esta pedem que prometa dizer que não diga nada a Judah. A mulher então não tem outra saída senão dizer que elas estão mortas.
Desolado, caminha Ben-Hur pela Judéia e ocasionalmente encontra Jesus pregando sua palavra. Dá pouca atenção e segue seu caminho. Até o dia em que descobre que mãe e irmã estão vivas. E incentivado por Esther, vai procurar o homem que carrega consigo a palavra de Deus. Por coincidência (ou não, escolham), vai justamente no dia em que Jesus foi condenado e está em plena Via-Crúcis. Numa das quedas do messias, Judah reconhece-o: Cristo uma vez lhe ofereceu água quando Judah caminhava para seu infortúnio. Se torna então um dos que acompanha o mártir em seu destino.
Tá mais que claro que é um filme que fala de Jesus Cristo, e não de um herói espartano como a publicidade ainda vende, né?
Indicado a 12 Oscars, só não levou o de melhor roteiro, que entre muitas mudanças de pena, teve Gore Vidal à frente, dando à relação de Judah e Messala como consideravelmente homo-afetiva. Stephen Boyd, que interpreta Messala, foi inclusive informado por Vidal deste detalhe, que o provável homofóbico Heston não podia saber. A cena em que os dois "brincam" de acertar o alvo, e entre um clima bastante propício para ter-se certeza de que os dois eram apaixonados um pelo outro, brindam cruzando os braços, é um dos maiores símbolos da homossexualidade "sutilmente" latente da repressão sexual de Hollywood.
Só a sequência da corrida de cavalos custou à MGM um milhão de dólares. A produção foi custosa, e entre os detalhes técnicos muitas vezes tendo de ser retomados várias vezes, quase leva a produtora à falência, que nessa época (1959) já se arrastava de recursos financeiros. Mas valeu o que pesou.
Quem espera ver aqui a história de um gladiador à la Spartacus vai se decepcionar. O filme traz mais uma mensagem cristã do que efeitos especiais.
Agora deviam ter mostrado a cara do Homem, né? Não mostram. E curioso, a cruz que ele carrega não é a que você conhece. É uma cruz em forma de T. Sim, desse jeito. Quem vai me explicar? 

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Do Começo Ao Fim

da primeira vez que tentei ver a película, eu não tava com clima de emoções fortes. então fui só ao começo, não ao fim. tuitei isso e um amigo jornalista disse ser uma pornografia recalcada, enfim, "uma bosta".
da derradeira vez, mais calmo e mais "preparado", fui até o fim. e o fim... deixa pro fim do post, né?
então:

Tomás e Francisco são irmãos consangüíneos, filhos da mesma mãe (júlia lemmertz) e de pais diferentes. francisco, o mais velho, é filho de pai argentino e charmoso (jean pierre noher) e tomás, de um arquiteto dedicado (fábio assunção). a mãe é uma médica sensível e também dedicada aos filhos, e como governanta os meninos têm rosa (louise cardoso).
o romance dos irmãos, plot anunciado, e na cara do cartaz quando muito antes de sua tão esperada estréia, começa desde cedo, quando Francisco recebe o irmão mais novo e resolve que vai protegê-lo pelo resto da vida. os garotos vão crescendo e desenvolvendo a curiosidade da mãe, que, compreensiva, apenas teme de longe o incesto já instalado. a intimidade mútua deles vai atiçar a preocupação de cada um de seus pais, mas a mãe apenas teme, e resolve não se meter em algo que ela sabe ser "tão bom".
os garotos crescem. depois de Francisco ter perdido o pai aos doze anos de idade, os dois perdem a mãe quinze anos depois. resolvem então o pai de tomás e a governanta deixarem os dois viverem sozinhos sua intimidade.
a esta altura, Francisco já tem a mesma profissão que a mãe, e Tomás, que antes via no irmão um campeão da natação, torna-se atleta dedicado.
o romance conhece um obstáculo quando Tomás recebe a proposta de ir treinar na rússia para as olimpíadas, em um tempo de três anos. Francisco consente na viagem, os dois então se separam, fazem sexo pela internet, cada um cuida de viver sua vida.
o resto? vá ver o filme.
do mesmo diretor do ótimo "um copo de cólera", com Julia Lemmertz e Alexandre Borges, aqui teve a delicadeza poética de mostrar um "fenômeno" que pode acontecer com qualquer família (mesmo que por um fulgaz período de tempo) sem cair nos clichês esperados de cenas de sexo chocantes e figuras e linguajares típicos da cena lgbt no cinema. mas não teve a mesma "liberdade" que lhe rendeu um ótimo desempenho no outro filme citado. entendo quando o objetivo era escancarar, de alguma maneira, tabus tão caros a nós. mas sabe qual é o problema do filme? é que ele é romântico DEMAIS!!!
as cenas de sexo, pitorescas, de tão belas chegam perto de uma obra genuína do renascimento. mas são poéticas DEMAIS!!!
o roteiro tem também o seu DEMAIS: os diálogos, derretidos na mais bela quintessência de Proust ou Balzac. há até uma cena onde Francisco lê para tomás um trecho de Hilda Hilst. mas melhor seria sem essa referência tão óbvia.
mas, ainda bem, as interpretações são dotadas de sensibilidade obrigatórias num filme que se pretende comedido num tema "proibido". João Gabriel, o francisco, de belos olhos zarolhos e belíssimo corpo, dá ao personagem a medida certa da melancolia da qual este é dotado.
enfim, o filme não é essas coca-colas todas. é bom, mas não diria "lindo" num sentido completo. nem tudo é perfeito, of course, mas manteiga derretida DEMAIS dá nos nervos!!! desculpem os fetichistas, mas isso foi um manancial de contemplação pra eles.
como exigente, eu daria uma nota 7 pro filme. como romântico, nota 11. mas é que o filme termina, e você (eu, pelo menos) se pergunta: "É (SÓ) ISSO?"